Romance A família Canuto

Romance A família Canuto
Romance A família Canuto e a Luta camponesa na Amazônia. Prêmio Jabuti de Literatura.

terça-feira, 10 de outubro de 2023

Sociedade evoluída e leitura

 Sociedade evoluída e leitura


Eu, geralmente, só publico textos de minha autoria aqui no blog; hoje, vou abrir mais uma exceção para essa carta de Luiz Schwarcz, da editora Companhia das Letras, pela importância que tem o universo dos livros e da leitura. O contexto pós-moderno, o qual vivenciamos, fomenta a individualização do sujeito, ou seja, só se olha para o próprio umbigo, o que fragiliza a organização de classe e o coletivo enquanto conjunto social. Princípios como egoísmo, exclusão, desrespeito, preconceito, são valores que ficam evidentes, atualmente, nas sociedades ditas evoluídas.

Ao ler "Quarto de despejo: diário de uma favelada" de Carolina Maria de Jesus, "A origem dos outros de Toni Morrison, meu livro "A família Canuto e a luta camponesa na Amazônia", meus textos teatrais, também publicados em livros e autores como: Stuart Hall, Michel Foucault, Umberto Eco, Jurgen Habermas, Frederic Jameson, Zygmunt Bauman, Gilles Lipovetsky, entre muitos teóricos, vejo que uma sociedade dita desenvolvida precisa resgatar valores e princípios determinantes para o equilíbrio e a justiça social; nesse sentido, ler é o passo mais indicado para que possamos denominar uma sociedade como sendo evoluída nesse século XXI.
 

CARTA ABERTA DE AMOR AOS LIVROS,

do criador da maior editora do Brasil, a Companhia das Letras
O livro no Brasil vive seus dias mais difíceis. Nas últimas semanas, as duas principais cadeias de lojas do país entraram em recuperação judicial, deixando um passivo enorme de pagamentos em suspenso. Mesmo com medidas sérias de gestão, elas podem ter dificuldades consideráveis de solução a médio prazo. O efeito cascata dessa crise é ainda incalculável, mas já assustador. O que acontece por aqui vai na maré contrária do mundo. Ninguém mais precisa salvar os livros de seu apocalipse, como se pensava em passado recente. O livro é a única mídia que resistiu globalmente a um processo de disrupção grave. Mas no Brasil de hoje a história é outra. Muitas cidades brasileiras ficarão sem livrarias e as editoras terão dificuldades de escoar seus livros e de fazer frente a um significativo prejuízo acumulado.
As editoras já vêm diminuindo o número de livros lançados, deixando autores de venda mais lenta fora de seus planos imediatos, demitindo funcionários em todas as áreas. Com a recuperação judicial da Cultura e da Saraiva, dezenas de lojas foram fechadas, centenas de livreiros foram despedidos, e as editoras ficaram sem 40% ou mais dos seus recebimentos— gerando um rombo que oferece riscos graves para o mercado editorial no Brasil.
Na Companhia das Letras sentimos tudo isto na pele, já que as maiores editoras são, naturalmente, as grandes credoras das livrarias, e, nesse sentido, foram muito prejudicadas financeiramente. Mas temos como superar a crise: os sócios dessas editoras têm capacidade financeira pessoal de investir em suas empresas, e muitos de nós não só queremos salvar nossos empreendimentos como somos também idealistas e, mais que tudo, guardamos profundo senso de proteção para com nossos autores e leitores.
Passei por um dos piores momentos da minha vida pessoal e profissional quando, pela primeira vez em 32 anos, tive que demitir seis funcionários que faziam parte da Companhia há tempos e contribuíam com sua energia para o que construímos no nosso dia a dia.
Luiz Schwarcz
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