Romance A família Canuto

Romance A família Canuto
Romance A família Canuto e a Luta camponesa na Amazônia. Prêmio Jabuti de Literatura.

segunda-feira, 18 de março de 2019

Feira Cultural e Científica: Brasil e Estados Unidos


Feira Cultural e Científica: Brasil e Estados Unidos

Em novembro de 2017, professores universitários e alguns artistas brasileiros se encontraram em Framingham, Massachussetts, Estados Unidos da América, na I Feira Cultural Brasileira (The Best of Brazil) de 2 a 5 de novembro. Eu tive o prazer de ser convidado para o evento para proferir uma palestra sobre as riquezas culturais do estado da Paraíba e lançar meus livros na Framingham State University. Na oportunidade fiz uma oficina sobre o Teatro do Oprimido na Harvard University com a professora Doris Sommer. O evento aconteceu entre as cidades de Framingham e Boston aproximando culturas e consolidando parte da história da imigração brasileira nos Estados Unidos da América, em especial no estado de Massachussetts.
O bom dessa história é que a experiência não ficou apenas no evento. A partir daí, eu e a professora Dra. Eliana Marcolino da UNIVALE – Universidade Vale do Rio Doce, escrevemos o artigo “Feira Cultural e Científica: Brasil e Estados Unidos” (Feira Cultural y Científica: Brasil y Estados Unidos; Cultural and Scientific Fair: Brazil and the United States) publicado na revista RELACult – Revista latino-Americana de Estudos em Cultura e Sociedade V. 4, n 03, set.-dez., 2018, artigo n⁰ 914, relacult.claec.org e-ISBN: 2525-7870.

O artigo aprofunda o objetivo da feira que foi fortalecer a cooperação cultural entre a comunidade brasileira nos Estados Unidos e a comunidade acadêmica norte-americana, assim como proporcionar uma integração entre as comunidades acadêmicas brasileira e a norte-americana compostas por professores e alunos, norte-americanos e emigrantes. Abordamos as atividades que foram realizadas na feira e propomos uma reflexão a partir desta experiência. A maioria dos participantes elogiou a iniciativa da realização da feira, a qual foi destacada como muito enriquecedora para intercâmbio de conhecimentos, por outro lado, merece destaque o “workshop” realizado na Universidade de Harvard com Doris Sommer e a visita técnica ao MIT (Massachusetts Institute of Technology).
 Houve uma visita técnica ao State House, em Boston, quando os(as) professores(as) tiveram a oportunidade de conhecer a casa legislativa do Estado de Massachusetts e visitar oito parlamentares norte-americanos, momento em que foi feito pedidos no sentido de que os políticos norte-americanos pensem na possibilidade de implementarem projetos políticos que possam respeitar os direitos dos imigrantes e, consequentemente, consolidar os trabalhos sociais de relevância ali realizados para eles e por eles.
Além da visita a State House, o grupo visitou o Consulado Geral do Brasil em Boston e foi recebido pela Consulesa Geral e embaixadora brasileira, Glivânia Oliveira. O artigo cita a importância dos participantes conheceram a dinâmica de funcionamento do Consulado. “Em roda de conversa, cada convidado fez uma breve apresentação sobre a sua formação acadêmica e atuação profissional no Brasil. Em seguida, a embaixadora fez um relato sobre as demandas da comunidade brasileira nos Estados Unidos, sendo a saúde do imigrante uma das questões mais preocupantes, principalmente a saúde mental com casos de depressão, síndrome do pânico. Tudo isso pode ser desencadeado pelo consumo excessivo de álcool e drogas. Tenha-se em mente ainda a violência intrafamiliar e o aumento de casos de suicídio na comunidade de imigrantes brasileiros nos Estados Unidos. Casos de brasileiros que chegam ao país com a Doença de Chagas e que não têm nenhuma forma de tratamento, já que é uma enfermidade pouco prevalente no território americano. A consulesa sinalizou a importância da união entre as universidades brasileiras e o Consulado para o enfrentamento desses problemas que foram pontuados”.
No artigo enfatizamos o fato de que “num mundo de individualismo extremado dos sujeitos, fruto da condição pós-moderna em que vivemos, aproximar pessoas é um ato que leva a construir relações saudáveis. A distância geográfica que existe entre países muitas vezes é quebrada com a aproximação cultural. A compreensão de que os povos fazem parte de um mesmo universo cultural é enriquecida quando participamos e vivenciamos de momentos construtivos como foi o que a Feira Cultural e Científica: Brasil e Estados Unidos nos propiciou. A cultura híbrida é uma concepção de vida que se tornou realidade quando pensamos o mundo como um ninho plural, um celeiro humano de diversas raças e diferentes origens. A tese da cultura híbrida é do argentino Néstor García Cancline, professor da Universidade do México, que tem contribuído para reflexão contextual do mundo em que se vive sob a égide de uma condição pós-moderna”.
Outro momento importante do evento foi a visita ao Brazilian-American Center, BRACE, entidade que tem o seu foco na educação de apoio à comunidade imigrante. Lá foi realizado um encontro com as crianças assistidas pela instituição; momento em que os estudantes realizaram apresentações de poesias brasileiras e recitaram a bela Canção do Exílio de Gonçalves Dias. Nessa visita os(as) professores(as) vindos(as) do Brasil fizeram uma mostra de documentários sobre as cinco Regiões brasileiras. Concomitantemente, o artista plástico Josafá Neves e a professora Lêda Gonçalves realizaram oficinas de artes plásticas com o grupo de estudantes.
O artigo fortalece a tese da importância da solidariedade entre os povos e comunidades. Os Estados Unidos da América, assim como qualquer país do mundo, precisam de organizações e entidades sem fins lucrativos que dêem suporte àqueles sujeitos sociais menos favorecidos. Nesse sentido, o BRACE que é uma entidade filantrópica criada em 2012, pelo Padre Volmar Scaravelli, que consolida a compreensão de que o conhecimento e a fraternidade são elementos que devem andar juntos. Como cita o artigo, o trabalho do BRACE “tem um valor de significativa importância porque é realizado nos Estados Unidos da América, mas tem o zelo e a responsabilidade de preservar a cultura e a identidade brasileira por meio de suas tradições, língua, crenças religiosas e a dignidade cidadã”.
No final do evento houve o momento muito esperado, “os(as) professores(as)tiveram um workshop interativo na Harvard University. Metodologia “Pre-Texts”, sobre intervenção de alfabetização precoce coordenado pela professora Doris Sommer. O que surpreendeu os(as) participantes foi saber que a metodologia adotada pela professora Sommer é uma releitura da Pedagogia do Oprimido de Paulo Freire e do Teatro do Oprimido do artista Augusto Boal, ambos brasileiros”. “O trabalho da professora é fundamentado no pressuposto de que a criatividade pode contribuir para mudanças sociais, assim como proporcionar avanços sociais educando os cidadãos para tronarem-se sujeitos participativos e críticos. Sommer compreende que a arte é uma expressão humana que tem uma participação ímpar da formação da humanidade e por isso deve ser tratada com responsabilidade; princípio com o qual compartilhamos. Complementamos o raciocínio afirmando que a arte gera conhecimento, portanto, deve ser tratada como ciência porque transforma vidas e comunidades”.
A arte realmente é um conhecimento necessário as transformações sociais. Para maior aprofundamento no tema sugiro que os leitores acessem o artigo “Feira Cultural e Científica: Brasil e Estados Unidos”, na revista RELACult – Revista latino-Americana de Estudos em Cultura e Sociedade, para se conhecerem melhor o projeto The Best of Brazil idealizado e executado pela empreendedora brasileira da área de comunicação no estado de Massachussetts, Ilma Paixão, e pela professora e jornalista brasileira Eliana Marcolino.