Romance A família Canuto

Romance A família Canuto
Romance A família Canuto e a Luta camponesa na Amazônia. Prêmio Jabuti de Literatura.

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

A Família Canuto... romance de Carlos Cartaxo agraciado com o Prêmio Jabuti de Literatura


Crítica de Domingos Meireles sobre meu Livro A FAMÍLIA CANUTO



Anatomia da resistência no latifúndio amazônico


Domingos Meirelles*

Ao resgatar a tragédia que se abateu sobre o clã dos Canuto no Sul do Pará, Carlos Cartaxo produziu um relato comovente de uma das páginas mais sórdidas da vergonhosa história do latifúndio na região amazônica: o confronto desigual e perverso entre os grandes fazendeiros e os trabalhadores rurais que lutam para sobreviver, num ambiente desapiedado e hostil, onde o código gelatinoso das leis se orienta mais pelo tilintar das moedas do que pela boa aplicação do direito.

Nessa terra de ninguém, onde os interesses econômicos se amancebam com a impunidade e a corrupção, é que trafega a narrativa romanesca de Cartaxo, em sua denúncia social sobre os crimes cometidos no rastro do destrambelhado processo de ocupação da Amazônia promovido pelos governos militares, a partir de 1964. Com um texto claro e contundente, despojado de arabescos literários, mas com sabor de romance, o autor nos conduz pela trilha de esperanças que João Canuto percorreu, do interior de Goiás ao Sul do Pará, onde seus sonhos foram enterrados junto com ele.

O tom romanesco que perpassa as páginas do livro, onde a mistura de jornalismo e literatura tem o compromisso de realçar a denúncia das misérias do campo, não compromete o caráter documental da obra; ao contrário, imprime ao relato de Cartaxo extraordinária dimensão humana, sem que ele se deixe contaminar pela criação de heróis bem construídos, criados ou revelados em narrativas semelhantes, como é comum no gênero. Os personagens que recolheu entre as muitas desgraças que povoam Rio Maria foram reconstituídos com alma, carne e ossos, sem que o autor lhe conferisse uma aura que os singularizasse como “seres excepcionais”. Cartaxo não forjou mitos – ele fala apenas de homens e mulheres, gente pobre do campo que não se curvou diante da opressão e do arbítrio. Com a precisão e a clareza de uma aula de anatomia, ele expôs as misérias e grandezas de uma família de camponeses que se transforma num exemplo de resistência diante da espoliação dos fazendeiros da região.

Em sua maioria representantes de uma burguesia emergente e arrogante, vinda de outros lugares, os grandes proprietários não suportam a coragem, a determinação e a altivez dos Canuto – João, a mulher Geraldina e os filhos ainda adolescentes. Acusado de invadir fazendas, quase todas latifúndios improdutivos, em companhia de posseiros expulsos de outras roças, Canuto atrai o ódio dos novos ricos empenhados em aumentar seu patrimônio a qualquer preço na floresta amazônica. Em Rio Maria, havia ainda outro bom motivo para que essa oligarquia moderna, “cria da ditadura militar”, detestasse a presença de Canuto naquele lugar: ele era também um dos mais ativos militantes do PC do B na região.

Numa tarde escaldante de dezembro de 1985, João Canuto foi tocaiado e morto por dois pistoleiros de aluguel com 14 tiros à queima roupa, um deles na cabeça, um pouco acima da sobrancelha direita. Foi morto na rua, para que todos vissem. A multidão compungida, que acompanhou seu corpo pelas ruas, entoava hinos religiosos e cantava a música Pra Não Dizer que Não Falei das Flores, de Geraldo Vandré. Canuto foi enterrado no novo cemitério de Rio Maria, onde a maioria das covas abriga centenas de posseiros, vítimas como ele, da violência no campo.

A cena do enterro é uma das páginas mais comoventes do livro. Nas faixas que seguiam à frente do cortejo, lia-se uma palavra de ordem: “Reforma Agrária, Já!” Na floresta de estandartes e galhardetes, que seguia o caixão, viam-se bandeiras do PC do B e do Sindicato de Trabalhadores Rurais de Rio Maria.

O fazendeiro mandante do crime foi solto através de habeas corpus. Os assassinos foram também contemplados com o mesmo benefício. Libertado, o mandante deixou a região, cumpriu breve exílio voluntário em Goiás, e quando o caso esfriou, retornou a seus afazeres, no Sul do Pará.

O Processo foi engavetado e ninguém foi condenado. A família Canuto ainda perdera mais dois filhos, executados a mando do latifúndio. Em 93, permaneci dez dias em Rio Maria produzindo um Globo Repórter. Então, pude entender porque a violência e a impunidade se apossaram daquela região.

O livro de Cartaxo é um comovente libelo contra a barbárie no campo.

* Jornalista, apresentador do programa “Linha Direta” da Rede Globo, e escritor, autor de “As Noites das Grandes Fogueiras – Uma História da Coluna Prestes”, entre outras obras.

Resenha publicada na Revista “Saber” , Ano I – Nº 3, julho/agosto 2001, p. 31. 

O romance "A família Canuto" foi agraciado com o Prêmio Jabuti de Literatura da Câmara Brasileira do Livro

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Prêmio de Literatura Augusto dos Anjos

Pessoal
Às vezes penso que minha criticidade me obriga ao isolamento. É melhor me isolar do que acumular mais inimigos. Entretanto, não posso me acovardar e silenciar. Logo, externo essa reflexão. Vocês fazem ideia de quantas gratificações há no Governo do Estado da Paraíba para "cabos eleitorais" que têm que conseguir uma "boquinha" nos quadros funcionais do dito Estado? Vocês fazem ideia de quanto custa uma diária de alguém da Secretaria de Cultura ou outra Secretaria para ir ao Interior do Estado da Paraíba ou a Brasília? Sabem quanto foi o cachê do "Show" de Zé Ramalho para inaugurar, dois anos atrás, o Centro de Convenções que não está concluído até hoje?  São muitos os custos e gastos exagerados e desnecessários. Agora, quando se trata de Edital de Literatura - Prêmio Augusto dos Anjos, os autores têm que concorrer, como se pedissem favor, pois não há premiação alguma. O que significa 5 ou 3 mil reais ao Estado da Paraíba para reconhecer o esforço, talento e dedicação de quem produz literatura? Nada, pois é uma micharia! Bem menos que as lagosta, fraldas e papeis higiênicos gastos na Granja Santana, onde reside o senhor governador. Além de não ganhar premiação, o autor tem que doar em torno de 40% do que é publicado ao Estado, sem receber direitos autorais e podendo ver sua obra e imagem servirem de "utensílio" como propaganda eleitoral, pois 2014 é ano de eleições.
Há muito que aprendermos sobre política cultural. E, nós artistas, temos que olhar à frente e partirmos à luta exigindo respeito e dignidade, afinal o povo está na rua para isso mesmo!
Carlos Cartaxo



terça-feira, 4 de junho de 2013

Cartaxo ministra curso de teatro para professores

ADUFPB abre vagas para Curso Gratuito de Iniciação Teatral


Inscrições podem ser feitas até 10 de junho e as aulas serão ministradas no período de 10 a 21 de junho, na sede da ADUFPB, no bairro do Cabo Branco em João Pessoa, PB, Brasil.

Estão abertas até o dia 10 de junho as inscrições para o Curso Gratuito de Iniciação Teatral do recém - criado Grupo de Teatro da Associação dos Docentes da Universidade Federal da Paraíba (ADUFPB). As aulas e ensaios vão começar no dia 10 até o dia 21 de junho (2ª, 4ª e 6ª feira) e acontecerão na sede sociocultural do sindicato (localizada na rua Gilvan Muribeca, nº 88, bairro do Cabo Branco, ao lado do Jangada Clube), no horário das 19h30 às 21h30. O curso será gratuito e terá duração de duas semanas, sendo também aberto a sócios, familiares e convidados.

“A diretoria da ADUFPB aprovou a ideia com o objetivo de iniciar mais uma ação cultural complementando o trabalho que a entidade já desenvolve na área artística, social e sindical”, afirma Carlos Cartaxo, responsável pelo curso.

As inscrições podem ser feitas na sede da ADUFPB, no Centro de Vivência do Campus I até o dia 10 de junho. Maiores informações pelo telefone (83) 3216-7388.

Fonte: 
 Agência de Notícias da UFPB 

sexta-feira, 31 de maio de 2013

Cartaxo coordena grupo de pesquisa

Estudantes da UFPB podem se inscrever em grupo de pesquisa

O Grupo “Teatro na Educação” do Departamento de Artes Cênicas, no Campus de João Pessoa, trabalha com duas linhas de pesquisas; inscrições por email

O Grupo de Pesquisa “Teatro na Educação” do Departamento de Artes Cênicas (DAC) está inscrevendo estudantes, regularmente matriculados, para participar de suas pesquisas.  O DAC pertence ao Centro de Comunicação, Turismo e Artes da Universidade Federal da Paraíba (CCTA/UFPB), Campus I em João Pessoa.

O Grupo “Teatro na Educação” tem duas linhas de pesquisas:
 1) Teatro e possibilidades  narrativas no ensino de arte, sob orientação do professor Carlos Cartaxo se reunirá, quinzenalmente, às quintas-feiras das 17h às 19h,  na  Sala 18 do Ambiente dos professores do CCTA.  A primeira reunião será nesta terça-feira (4);
2) Teatro e formação de professores, sob orientação da  professora Lucia Serpa se reunirá, quinzenalmente, às  quintas-feiras  das 9h às 11h, na Sala 18 do Ambiente dos professores do CCTA.  A primeira reunião acontecerá na quinta-feira (6).

Os interessados podem se inscrever pelo correio eletrônico:teatronaeducacaoufpb@gmail.com.
Fonte: 
 Agência de Notícias da UFPB - Com Assessoria

terça-feira, 30 de abril de 2013

O MCCC promove mesa redonda sobre literatura

O MCCC promove mesa redonda sobre literatura O MCCC, Museu Casa de Carlos Cartaxo, e da prefeitura de Picuí (Secretaria de Educação) promoverão a mesa redonda Literatura por toda vida com a presença dos escritores:André Ricardo Aguiar, escritor premiado, que lançará o livro "A idade das chuvas"; Carlos Cartaxo, professor doutor da UFPB que lançará "Geraldeando"; Norma Alves, psicóloga, que lançará o livro infantil "Isaura veloz como o vento"; e Regina Behar, professora doutora da UFPB, lançará "Contos de Sábado". Dia 11 de maio, sábado. Hora: 20 horas. Local: Auditório da Prefeitura Picuí, Paraíba, Brasil. Estão convidados: escritores, professores, alunos e pessoas ligadas a educação e cultura.

segunda-feira, 29 de abril de 2013

Por uma política cultural petista para Parahyba Carlos Cartaxo As transformações sociais, em toda história, sempre acompanharam as transformações culturais ou vice-versa. Com essa perspectiva, o Partido dos Trabalhadores fez história e tem contribuído, para melhor, com a transformação do Brasil. Este avanço foi acompanhado, no governo Lula, por políticas culturais nunca visto na nossa história. Essa foi uma escolha política e, com essa orientação, faço uma reflexão contextual com o intuito de contribuir com a gestão petista de João Pessoa. Com o intuito de ser objetivo, evito conceitos teóricos e descrevo sobre ações concretas, lembrando que para sua execução faz-se necessário fundamentação conceitual política e ideológica. Cultura é uma expressão identitária e, enquanto tal, ideológica. Na cultural, como em toda ação humana, não há neutralidade. A neutralidade significa estar do lado do opressor. De modo que toda política cultural se enquadra em contexto, seja ele hegemônico ou subalterno. Quando o governo Lula optou por descentralizar as ações culturais do sudeste, seu governo fez uma opção ideológica pelas culturas brasileiras, ampliando a ação do Governo Petista para todo país. Nesse sentido, enalteço todo governo democrático e popular, e em especial o de João Pessoa, a agir a partir de referências teóricos que deem sustentabilidade para uma política cultural essencialmente petista. Uma política cultural é: • Transformar as ações culturais temporárias em ações permanentes ou contínuas; • Ter política cultural definida e planejada para execução em todas as áreas culturais, Por exemplo, literatura nos bairros, contação de histórias para deficientes visuais, saraus em museus para a terceira idade e para jovens. • Direcionar projetos culturais para as comunidades periféricas, descentralizando a cultura dos polos burgueses, que cobram entradas, por exemplo, teatros, museus e equipamentos públicos culturais; • Desenvolver políticas culturais que respeitem à diversidade étnico-cultural; • Ter programas culturais voltados para infância, juventude e terceira idade; deficientes, negros, índios, GLBT e demais seguimentos excluídos socialmente; • Ter programas culturais educativos em parceria com a Secretaria de Educação; • Implantar politicas de fomento cultural nos bairros; • Apoiar as ações culturais, não governamentais, nos bairros, descentralizando a produção cultura e o fazer artístico; • Formar gestores culturais, interlocutores entre a produção cultural dos bairros e a cidade; • Implantar ações pedagógicas culturais através de debates, congressos, seminários, conferências, etc., com o fim de estabelecer um debate continuo da produção, consumo e fruição cultural na cidade de João Pessoa. • Ter programas de incentivo a intercâmbio cultural com editais públicos; • Divulgar a produção cultural da cidade, propiciando projeção dos artistas e produtores culturais; • Planejar atividades culturais em parceria com todas as outras secretarias municipais do governo; • Tratar a cultura popular com o devido respeito e valor de quem, de fato, representa a identidade cultural do nosso povo; • Fomentar as iniciativas culturais como sendo políticas de cultura voltadas para as novas gerações, para a geração de emprego e renda e fator de inclusão social. Política cultural que não corresponde ao modo petista de governar é: • Apenas fazer shows públicos com produção caríssima para o erário público; • Ter equipamentos culturais públicos, como teatro, museus, galerias, etc., sem política cultural direcionada a todas as classes sociais; • Adotar a política romana de “pão e circo” para, apenas, divertir sem uma ação continuada de formação cultural, social e política. • Desrespeitar as Leis e os Fundos de Cultura, não lançando editais anuais conforme reza a legalidade; • Conceder incentivos como passagens, cartazes etc., apenas para amigos ou correligionários políticos; • Dotar pouco recurso para a cultura, como se essa fosse uma área não prioritária para o desenvolvimento social e político; • Divulgar eventos com grandes artistas e relegar a último plano os artistas que cotidianamente estão labutando no sentido de solidificar a cultura local; • Confundir política cultural com produção cultural. Um bom produtor, necessariamente não significa um bom gestor público de cultura porque, geralmente, só pensa pela ótica do mercado; • Colocar nas direções e coordenações gestores que não têm conhecimento da política cultural do PT e domínio técnico sobre a pasta que é responsável. Nesse sentido, formalizo minha reflexão teórica, mas com embasamento político e ideológico, com o intuito de contribuir para com a gestão petista e para com o movimento cultural da capital paraibana. Saudações culturais Carlos Cartaxo Fundador do PT na Paraíba Professor da UFPB