Sentidos
pós-modernos no universo da arte e da comunicação
Carlos
Cartaxo
Andar
pelo mundo, olhar em volta do tempo, cronometrar os sorrisos que iluminam o
dia; muitos clareiam até a noite esbanjando luz onde há escuridão, é perceber
que tudo é pouco diante do que há para se descobrir. Há muito tempo ouço que se
faz necessário quebrar paradigmas, mas vejo que muitos dos conceitos se mantêm
intactos como se mudanças fossem o inesperado diante do desconhecido. Pois bem,
a semana passada participei, como convidado, do 6º Retiro Doutoral da
Universidade Aberta, em Lisboa. E lá pude partilhar de momentos enriquecedores
propiciado pelo DMAD
- Doutoramento em Média-Arte Digital conjunto da Universidade Aberta e da
Universidade do Algarve, Portugal[1].
As
transformações tecnológicas, culturais, sociais e políticas desse início de
século XXI estão imersas na mídia, sendo expressas através da arte virtual. As
possibilidades de trabalho são muitas. A arte interativa é uma realidade que
desde o final do século XX se estabeleceu nas artes plásticas, o cinema, na
televisão, nos jogos virtuais, etc. O rádio, por exemplo, foi o meio de
comunicação que desde cedo trabalhou com a interatividade, procedimento que foi
absorvido pela televisão ainda no século XX. O século XXI iniciou com a
perspectiva interativa das mídias, o que tem sido motivo de ruptura paradigmática
para muita gente. A arte digital quebrou o paradigma da arte moderna como sendo
um produto, digo uma “obra”, que ficava em teatros, galerias e museus, espaços
elitistas, portanto seletivos da criação artística.
O
fato de eu ser um dos professores que ministram a disciplina de Direção de Arte
do Departamento de Comunicação da Universidade Federal da Paraíba, me fez
mergulhar nesse celeiro buscando a quebra de paradigmas necessários para o avanço
dessa área de conhecimento. A disciplina Direção de Arte foi criada com a
intenção de contribuir, como conteúdo, para a formação profissional nos cursos
de cinemas e audiovisual, e Radialismo (com pesquisa em televisão e internet),
com abertura optativa para os cursos de Jornalismo, Mídias digitais, Artes Visuais
e Teatro. A procura por essa disciplina tem sido intensa e vem de vários outros
cursos da UFPB.
Esse interesse existe porque as transformações da mídia têm causado uma revolução no que se entende por direção de arte. Os sentidos pós-modernos ocuparam os espaços por muito tempo dominados pelo modernismo. Essa trajetória vem de longe. Em 1450 Gutemberg inventou a prensa que permitiu a impressão em escala de produções gráficas. Em 1880, a fotografia surgiu registrando a vida no tempo e espaço. O cinema teve a marcante data da primeira projeção, dos irmãos Lumière, em 28 de dezembro de 1895, em Paris. A câmera digital foi apresentada, pela primeira, vez pela Kodak em 1976 denominada de “câmera sem filme”. A evolução é continua, em passos largos e, hoje, a narrativa visual (conhecida como visual storytelling) é a realidade para se contar histórias tendo como canal o uso de mídia visual. Esse processo representa a quebra de paradigmas para quem estabelece a arte como sendo fracionada por quatro expressões (linguagens), como na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, no Brasil, que fixa o ensino de arte em apenas, Artes Visuais, Teatro, Dança e Música.
A narrativa visual pode contar histórias usando fotografia, ilustração ou vídeo, qualquer imagem fixa ou móvel, e pode utilizar múltiplos recursos como gráficos, música, voz e composições de áudios. Quem deseja mergulhar nesse universo pode se aprofundar através dos endereços: https://wakelet.com/; https://www.scoop.it/; http://kontribune.com/; https://paper.li/; https://spark.adobe.com/home/.
O
6⁰Retiro Doutoral em Mídia-Arte Digital em Alfama aconteceu em Lisboa, de 21 a
27 de julho de 2018; foi um laboratório de ações artísticas no contexto das
“novas tecnologias e os novos modos de ver e pensar arte”, como diz o programa
do evento; e acrescento além da arte, no contexto da comunicação. A introdução
do programa do evento define bem a visão de futuro que pesquisam “A média-arte
digital é aqui definida como a arte que utiliza a tecnologia da média digital
como processo (meio) e/ou como produto (resultado final) onde a tecnologia
constitui uma ferramenta ao serviço do engenho criativo (artístico, cultural,
educacional, lúdico, entre outros) ou como um motor para inovação ao nível da
criação de novas formas e discursos estéticos que exploram a expressividade
informativa, sensorial e interventiva dos conteúdos multimédia.”[2]
A
pós-modernidade se fez presente nas várias conferências temáticas. Professores,
pesquisadores e artistas brasileiros também fizeram parte da programação,
estreitando os laços científicos entre Brasil e Portugal. Os conteúdos
expressaram uma nova visão estética e técnica sobre a criação em arte e a
convergência entre arte e comunicação, principalmente no que concerne a reutilização
conceitual de imagens, objetos e interfaces tecnológicas da comunicação, logo,
do conhecimento[3].
Muito
está por se fazer; mas há muita gente nas universidades pensando a nova
roupagem para a humanidade; todavia para que essa evolução signifique avanço,
faz-se necessário quebra de paradigmas que dêem sentido a arte, a comunicação e
a vida.
[2] http://portal.uab.pt/dcet/wp-content/uploads/sites/12/2018/04/DMAD_guiacurso_6%C2%AAed.pdf
[3] http://portal.uab.pt/wp-content/uploads/2018/07/NOT_Programa_Retiro_Alfama.jpg
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